Quando Daniel Filippon resolveu voltar à faculdade 10 anos depois, em
2009, deparou-se com mensalidades altas e horários fixos demais para a
sua vida atual. "A rotina me mata e voltar para a universidade me
custaria a parcela de um apartamento por mês", recorda. A solução foi
fazer o curso escolhido, Gestão da Tecnologia da Informação, à
distância, na Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul). "Agora
pago metade do preço de um curso tradicional", afirma o aluno, que monta
os seus próprios horários de estudo.
Esse é o principal objetivo da educação à distância: a flexibilidade.
"Aquele que procura essa modalidade não tem disponibilidade de se
deslocar para um determinado lugar e estar presente em 75% das aulas",
explica o especialista em Tecnologia Educacional Wendel Freire sobre um
modelo de ensino que cresce 40% ao ano. "Escolha e adequação não são
decididas por um educador ou por um sistema qualquer, mas pelo indivíduo
e pelas suas demandas", completa.
Freire alerta para a escolha do curso. O aluno interessado no ensino a
distância deve descobrir o máximo possível sobre a estruturação do
curso, desde o modelo de tutoria e da formação dos professores até o
tempo de resposta às solicitações do aluno, além das ferramentas de
comunicação e de seus usos. Além disso, sempre é válido buscar
informações fora da instituição, como fez Filippon. "Levei em conta a
indicação de alguns colegas e o fato de que a Unisul é referência
nacional EaD", afirma.
Outra questão importante na hora da escolha é o formato. Ao ter uma
plataforma digital, os cursos de EaD possuem um potencial de comunicação
multidirecional, ou seja, a interatividade entre professor e aluno e
entre os próprios colegas é infinita. Porém, muitos deles estruturam-se
como um modelo unidirecional, em que o aluno apenas recebe conteúdo.
"Isso os torna tecnicistas e devem ser evitados, pois não exploram o que
há de mais positivo da presença das novas tecnologias: a liberação do
polo de emissão", lamenta Freire.
Apesar das possibilidades interativas que a tecnologia trouxe para o
universo dos estudos, a convivência entre os alunos ainda faz falta para
quem estuda nesse novo formato de aulas. "É quase zero, eu gostava
muito de conviver com os colegas na época em que estava na faculdade
normal", lembra Filippon. Porém, Freire acredita que há, sim, convívio
entre os estudantes, já que essa estrutura de ensino inclui encontros
presenciais, fóruns e chats. "Veremos em um futuro breve uma aproximação
das plataformas de ensino à distância com os formatos comunicacionais
das chamadas redes sociais", diz. Para o educador, assim as relações
entre os colegas ficará mais estreitas, o que vai possibilitar a
diminuição do que, nao sua opinião, é o maior problema da educação à
distância, que é o alto índice de evasão.
Outro problema já em parte superado no Brasil reside no preconceito
com esse modelo pouco tradicional de ensinar. "A palavra 'distância'
acaba carimbando nessa modalidade a ideia de que não há proximidade, o
que não é verdade, pois muitas vezes acontecem mais interações nesses
espaços do que no ensino presencial", conta Freire. Para Filippon, há
quem olhe com cara feia para os EaDs, porém o mercado de Tecnologia da
Informação - acostumado com o mundo digital - dá menos valor para o
formato da graduação e mais para o reconhecimento do profissional. "O
canudo agora é só para definir contratação, não se analisa onde a pessoa
estudou", opina.
Fonte:
Cartola - Agência de Conteúdo
Especial para Terra
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